09/11/2010
ÁRIDO
Era solo de árido horror.
Seco como o ar que agente respira por aqui.
A neblina era poeira e vento, nada mais que ilusão.
E o solo igualmente seco, ardia de dor,
pois sentimento era tão inútil quanto essa poesia.
As vezes não se entende porque no brilho cruel da faca a gota rubra embebeda o chão.
Amigo eu respondo: “É falta de tudo, de comida ao tacto”.
O que sobra aqui é o árido. Árido dia. Árido olhar.
Seco, tudo seco.
Não é só o mar o que eles nunca viram. Faltam cores.
Tudo é tão marrom, em vários tons, mas tudo é marrom.
Eu mal consigo ver esses heróis desdentados, os meus olhos ardem.
Mau consigo respirar. O ar cheira a fumaça na terra com nome de santo.
A mesma terra dialoga com a fome, palmo a palmo e olhos nos olhos.
Levanto e sigo, tentando esquecer onde fica o lugar que me ofendem sem conhecer.
Onde um santo mais privilegiado que o que nos vela deu seu nome.
Árido é o manto de deus. Árida é a certeza de morte.
Nem o pensamento é menos fértil que suas mulheres.
São mais filhos que soluções. Mais que qualquer outra coisa, sorriso.
Porque a ignorância é benção, para que não sente o pesar.
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Duma elegância árida, a mesma com a qual todos nós, áridos de lágrimas, ressequidos pela dor de existir, nascemos em terra de Santas ou em qualquer dessas terras que nos carregam com a mesma aridez e a elegância inútil de morrer silenciosamente; achei isso bonito.
ResponderEliminar"Porque a ignorância é benção, para que não sente o pesar." Massa.
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